Artigos - História do Perdigueiro


O perdigueiro Bolero de Van der Herr


Stubbs (1724-1806) pinta e N.Wollett em 1768 torna a pintar, um quadro da colecção do Rei da Baviera que Arkwright dá a conhecer - o Pointer Espanhol - cujas parecenças com os actuais perdigueiros são inquestionáveis.

Em 1894 no livro «As raças de cães» do Conde Henri de Bylandt, igualmente no século passado em «Le Chien» por J.Rothschild e em 1928 por Kermadec, surgem duas gravuras ambas representando o cão de parar “espanhol”.

Nas opiniões de Domingos Barroso e de Sanz Timon, trata-se do mesmo cão em diferentes atitudes. Henrique Anachoreta chama-lhe o Perdigueiro Peninsular e Leopoldo Carmona que reproduz a mais recente na sua tese, secundado por Domigos Barroso vêem nela - o "papá" dos nossos perdigueiros.

Algo se tem como certo - o texto descritivo acompanhante, não condiz com o que a gravura mostra, antes descreve um cão diferente, mais próximo ao perdigueiro de Burgos que nada tem a ver com o cão da imagem que é idêntico ao perdigueiro português. Damos a palavra a Domingos Barroso: - «... nessa gravura se vêem os sonhados corpo mediano e proporcionado, o peito em quilha e profundamente descido, a cabeça desenvolvida e os membros aprumados (...) os posteriores dobram sobre si mesmos (...) há lá mais umas coisitas...A cabeça, vista de frente, é quadrada, larga, alta e plana. De perfil, rectilínea. As orelhas são da alta inserção, largas na base, coladas contra a face na sua parte anterior, não dobradas nem terminadas em ponta. Os olhos aflorados. O sulco naso-frontal largo e não profundo. A chanfradura nasal vincada. O focinho quadrado e de perfil recto. Os lábios pendentes mas não caídos ao abandono ...»

A este cão parece que lhe tinham posto o nome de Bolero - mas a palavra castelhana nada prova, antes certifica que estes perdigueiros que hoje estão representados apenas pelo perdigueiro português também existiam nalgumas regiões espanholas além do Norte e Centro de Portugal, já que fronteiras são conceitos humanos que os animais desconhecem.

Jorge Rodrigues