Artigos - História do Perdigueiro


O Perdigueiro da Quinta de Gatão no Douro - Século XIX

Damos ora conhecimento de uma gravura que se encontra há muito no Solar de Gatão - Penafiel, na região do Douro, no Norte do país.

Apresenta as seguintes referências - Fair Sport. Painted by Jules Girardet. Copyrighted 1903 by Raphaél Tuck & Sons, Ltd, London, Paris, New York; Publishers by Appointment to Their Magesties The King & Queen Alexandra. Printed in Vienna.

Trata-se de gravura inglesa impressa no início do Século XX a partir de pintura original representando cena do Século XVIII-XIX e que consideramos de interesse relevante.

Sobre uma ponte de madeira que vence um regato, vêem-se duas figuras, trajadas à moda do Século XVIII-XIX: uma mulher com um cesto no braço esquerdo e um caçador de polainas e tricórneo, com a espingarda às costas metida pela bandoleira. O caçador mete no cesto um coelho. E o principal de toda a cena é o cão que segue o caçador. Um autêntico perdigueiro português, sem tirar nem pôr. Capaz de ter qualificação máxima numa Exposição actual, nas palavras de um Juiz desta raça...

A este cão, basta pô-lo ao lado de qualquer bom cão de agora, que nada o distingue, a não ser a cauda, que está inteira na gravura. Como se sabe, nunca os ingleses cortaram a cauda ao nosso perdigueiro. Fazemos notar a tipicidade da cabeça larga e do chanfro curto e recto, o stop, a qualidade da orelha pendente triangular, o pescoço e o corpo, em especial o peito, rim e babilha, os membros, a altura do curvilhão e ainda a conformação das mãos.

Notem sobretudo a “suposta” coloração da pelagem, no mínimo a sua distribuição - uniforme em todo o corpo, de coloração ligeiramente mais escura que as polainas de camurça do caçador mas mais clara que o tom escuro da casaca, presumivelmente a cor dominante dos cães actuais. Nota-se lista branca na fronte e calçado de branco nas mãos e pés...

É ou não igualzinho aos de hoje???

Esta gravura, a ser o que julgamos, vem provar indiscutivelmente, a notícia, que já vimos muitas vezes citada, da exportação para Inglaterra no Século XVIII do nosso perdigueiro, o qual deu origem, por cruzamentos diversos e sucessivos, ao célebre pointer.